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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Lembranças


O carro estava tremendo muito. Não sabia para onde estava indo. Aquelas horas vagarosas de viagem estavam o matando.
- Estamos chegando? - perguntou.
- Quase! - respondeu ela.
Sua voz era suave como algodão e doce como mel. Seus cabelos eram longos e lisos. Sua pele era macia como um travesseiro. Isso faziam-na parecer bela. Seus pensamentos foram interrompidos quando ela gritou:
- Chegamos!
-Finalmente - resmungou ele.
Ao abrir a porta para ele, a moça lhe pediu que tirasse os sapatos. Ao colocar o pé no chão, sentiu a grama mais macia que já havia visto. As lâminas felpudas entravam entre seus dedos causando cócegas.
Podia ouvir os pássaros dos mais diversos tipos. A brisa refrescante batia-lhe sobre o rosto, acalmando sua alma.
- Vamos! - a moça agarrou-lhe a mão, guiando-o para frente. A medida em que andava, ouvia um barulho de cachoeira se aproximando, ao mesmo tempo em que sentia a temperatura caindo. - Esta é a casa! - disse a moça - cuidado com o degrau.
Ao por o pé no chão da casa, sentiu seu corpo gelando. O chão era de pedra. Sentia que a casa era bem fria. Seus pés descalços imploravam por sapatos.
- É bem simples, mas é confortável... - a voz da moça ecoou pelas paredes da sala - o barulho da cachoeira é bem relaxante!
Após um tour pela casa, a moça lhe pediu:
- Quero que você veja uma coisa!
O rapaz seguiu a moça até a porta dos fundos. Ao sair sentiu seus pés de volta à grama macia. Estava aliviado. A moça o levou para uma escada.
- Cuidado, ela escorrega! Use o corrimão para descer.
A escada era, assim como o chão da casa, de pedra. Havia bastante lodo e estava muito úmida. Encostou-se no corrimão para descer. O corrimão era de madeira fria e úmida. A medida em que descia, podia escutar cada vez mais alta uma correnteza de rio.
Após a descida, ele percebeu que o chão era de terra, bastante rígida e úmida. A moça o levou para o rio. Ele franziu o rosto, a água estava gelada.
- Ha, ha, ha! - a moça riu - fique calmo, você vai se acostumar rápido!
O córrego era raso, não passava dos tornozelos. No fundo, havia várias pedras, de todos os tamanhos. As pedras estavam sujas e, por isso, estavam escorregadias. Estava desequilibrado e se sentia desconfiado.
O lugar era calmo, frio e úmido. Jã não ouvia mais o som dos pássaros, que havia sido substituído pelo da cachoeira. O cheiro da terra molhada, somado ao cheiro suave das margaridas davam um ar paradisíaco à área.
Após alguns minutos de identificação com o rio, o rapaz e a moça prosseguiram cautelosamenteà favor da correnteza do rio. O rapaz não sabia ao certo para onde estava indo. Sabia apenas que a moça estava o guiado para algum lugar.
- É bonito, não é? - a moça lhe perguntou.
O rapaz permaneceu calado. Estava apenas prestando atenção a tudo aquilo ao seu redor. O córrego, o tempo, os cheiros das flores da manhã, o som melódico da cachoeira. Aquele lugar era tão perfeito, que esquecera completamente do incidente que lhe acontecera. Sua mente estava alterada, nada mais o deixara nervoso, nem mesmo aquelas pedras pontiagudas que lhe arranhavam os pés. Pode sentir pelo seu corpo um vento mais forte que a brisa de antes. As árvores ao seu redor balançavam, produzindo um som acalmante, deixando-o ainda mais calmo.
Continuou indo para frente, muito embora não soubesse exatamente para onde. Podia ouvir a cachoeira se aproximando. Sabia que estava perto. Chegou a um certo ponto em que sentia como se a cachoeira estivesse logo abaixo de si. Quando deu um passo a frente, sentiu seu corpo suspenso no ar. Pouco depois caiu sobre um poço de água.
- Ah, Meu Deus! - a moça se espantou - Você está bem?
- Estou bem! - o rapaz confirmou.
- Vou te ajudar a sair dessa água gelada.
Não sabia qual era a profundidade do poço. Sabia apenas que seus pés não podiam tocar o solo. A água estava gelada. Pingos respingados pela queda da cachoeira caiam sobre seu rosto.
A moça o puxou para a superfície. Não nadou muito e já podia tocar os pés no solo. A moça lhe deu uma toalha e algumas rooupas.
- Troque-se atrás daquela árvore - a moça o orientou.
O chão agora era de areia. Os grãos que ficavam presos entre seus dedos faziam-no sentir-se livre. Foi em direção à árvore, onde colocou a roupa que a moça lhe deu.
- Deite-se aqui - a moça o colocou sobre a toalha estendida sobre o chão.
A toalha sobre a areia macia fazia-na parecer uma cama. Ao se deitar, sentiu-se misteriosamente aquecido. Após algum tempo se deliciando com o ambiente, perguntou:
- Onde estamos?
- Não se lembra? - surpreendeu-se a moça - Estamos no sítio de mamãe. Costumávamos passar horas deitados aqui, observando a copa das gigantescas árvores.
- Mas...parece tão mais belo....
- Viu só? Perder a visão não é a pior coisa do mundo.
Lembrava-se perfeitamente. Era uma área totalmente coberta por árvores, até onde os olhos podiam ver. Nos cantos, flores dos mais diversos cheiros e cores se descansavam. No tronco, em uma das árvores estava uma casinha de pássaros, fixada em vão, uma vez que nunca entrara nem sequer um pardal. A cachoeira não era alta, não passava dos dois metros de altura. O poço, coberto pelas águas mais claras, onde costumava nadar até o fundo para pegar pedras. A areia, fina como pó, amarelada como um dia de sol, onde ele e sua irmã faziam competições de construir castelos, nas quals ela sempre vencia. Tudo parecia tão diferente...
Uma lágrima correu pelo rosto do rapaz. Talvez não fosse mesmo o fim do mundo...
Permaneceram ali a tarde toda, assoprando dentes-de-leão, construindo castelos, nadando. Depois de tudo isso, ele percebeu que nada havia mudado, apenas agora observava com olhos de quem não vê.

(Trabalho de André Lacerda e Vitor Gama 1A)
Parabéns André pela história! É encantadora!

4

4 comentários:

  • L. Zenha A. on 15 de julho de 2011 às 15:56

    Parabéns mesmo!!! Ficou muito bacana a descrição dos lugares!!
    ótima história!!
    abraços

  • Anônimo on 2 de setembro de 2011 às 17:52

    Parabéns André, seu texto ficou bem legal. Continue escrevendo assim, e vê se não pega recuperação em filosofia de novo =P

  • Anônimo on 2 de setembro de 2011 às 22:23

    ficou ótimo e texto! =D parabéns!

  • Melchior on 12 de setembro de 2011 às 17:12

    Ficou muito ruim

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